Páginas

Mostrando postagens com marcador K. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador K. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

viver como um "normal"

As férias acabaram e chegou o momento de voltar pro colégio.desde aquele jogo de poker, nunca mais tinha conseguido enganar ninguém. Inclusive fiz algumas tentativas que me foram um tiro pela culatra. Parece que várias peças de louças acumuladas na pia são objetos grandes demais para desaparecerem ou parecerem limpos.ou os olhos da minha mãe são completamente invulneráveis aos meus truques. QUE TÍPICO. mas essa abstinência me trazia meio que alívio. Como eu conseguiria conviver com esse novo atributo sem contar nada para ninguém, inclusive minha namorada?
Mas isso não durou muito, ainda bem. Enquanto esperava na fila do metrô para comprar uma passagem resolvi fazer mais uma malandragenzinha, só para ver o que aconteceria.em vez de dar a quantia certa da passagem, dei um valor bem inferior e fiquei mexendo na carteira como se estivesse procurando o resto do dinheiro. Tentava não olhar para as pessoas ao redor, nem fazer nenhum tipo de movimento suspeito... Quanto menos atenção chamasse melhor.rapidamente recebi meu bilhete e o vendedor chamou o próximo da fila, me dando ainda 3,50 de troco.A adrenalina no meu corpo foi às alturas, como se eu estivesse praticando um assalto em público. O nervosismo foi tanto que só depois reparei na parte mais interessante. Não cheguei a falar uma única palavra. Só meu pensamento já foi suficiente para convencer o vendedor.
Veio-me uma sensação que nunca tinha sentido antes. Senti-me poderoso, intocável. Era um superhomem de mentirinha. na verdade cheio de mentiras.
Esse sentimento só foi superado por outro sentimento, o de culpa. Afinal eu tinha acabado de cometer um furto. Ninguém poderia me culpar por nada, afinal ninguém teria provas, mas eu sabia o que fiz, e não tinha dúvidas de que não devia ter feito. Esse sim foi um sentimento horrível que me fez perder a noção do tempo.
Decidi não fazer mais esses pequenos truques. Ninguém saberia o que fiz e não faria de novo. não haveria nada para me culpar.
Isso tudo não passaria de uma brincadeirinha boba de adolescente.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

enganei o bobo

está ficando cada vez mais confuso e divertido. começou como uma brincadeira, uma mentirinha boba.agora está virando um hobby. aquela enroladinha que deu certo no jogo de poker pareceu algo alem do que a simples falta de atenção dos outros jogadores.fingi que tinha uma carta quando na verdade não tinha, depois apostei uma ficha que tinha um valor quando na verdade ela tinha outro, e todos acreditavam.nunca foi tão fácil e divertido jogar qualquer jogo. parecia que eu tinha inventado as regras.não foram poucas as vezes que pedi para que meus irmãos prestassem mais atenção. mas como se sofressem de cegueira temporária, minhas mentiras eram a mais pura verdade.durante as mesmas férias pedi para jogar mais umas 200 vezes, eles não queriam mais... afinal nem em filme acontece tantas coincidências quanto aconteceram naquele jogo.comecei a desconfiar que o que eu mais desejava que acontecesse, na visão deles, realmente acontecia. eu podia ver a realidade, eu sabia que o que eu dizia não era a verdade, mas ninguem reparava.será que eu tenho algum tipo de poder na fala, e o que eu falo as pessoas simplesmente veem? e se eu tenho, de onde isso veio?