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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Diversão após tiro

Aquele tiro tinha me deixado uma cicatriz bem feia, mas quanto mais feia mais bota medo no seu inimigo. O tiro tinha atingido o meu braço esquerdo, o que foi minha sorte, pois era destro e ficaria difícil esconder se tivesse sido no braço direito. Foi difícil esconder aquele ferimento de todos. Naquele dia que tomei o tiro foi muito difícil esconder porque iria sair com os amigos à noite, já tinha combinado aquela saída a bastante tempo e não podia furar com eles. Eu iria para o kart aquela noite com eles, seria muito divertido se não estivesse com aquele buraco no braço. Lembrei que nos filmes quando eles levavam tiros pegavam um ferro, brasa ou algo super quente para fechar a ferida e por minha sorte a bala tinha passado direto o que facilitou muito as coisas pois pelo menos não tive que enfiar uma faca dentro do machucado para tirar o projétil. Esquentei a ponta do meu dedo até um temperatura bem elevada para servir de instrumento quente que poria na feriada e enfiei no buraco feito pela bala. Meu pai do céu, que dor horrível, tão grande foi a dor que se equiparava a dor do tiro. Soltei um berro tão grande que até o porteiro do meu prédio que ficava 10 andares abaixo em sua guarita escutou e me interfonou para saber se eu estava bem. Falei que estava ótimo, que aquele barulho não era naquele apartamento, devia ser em algum outro perto, talvez o vizinho estivesse com problemas. Como é bom estar sozinho em casa às vezes, porque assim não precisa se preocupar em inventar alguma outra desculpa. Com o problema da feriada parcialmente resolvido agora eu precisava limpar a bagunça que tinha feito, era sangue para todo lado sujando toda a casa e se eu não quisesse que ninguém descobrisse teria que limpar tudo. Foi uma baita faxina na casa toda mas valeu a pena porque depois ainda recebi elogios por deixar a casa limpa sem terem que pedir para arrumar a casa. Tratei logo de colocar umas bandagens na ferida para que ela não sujasse a minha blusa de sangue quando fosse correr de kart. As horas pareciam que não passavam. Quando se quer muito fazer uma coisa parece que nunca chega a hora certa de começar o que quer fazer. Apesar da dor queria muito correr de kart.
A hora passou vagarosamente mas chegou o momento de ir. Era uma noite húmida e pouco tempo antes havia chovido deixando a pista um pouco molhada. O kart escorrega muito em pistas molhadas, por essas razão estavam todos esperando secar a pista. Pedi para dar uma volta para ver se já dava para correr. Eles disseram que não alegando que a pista estava muito molhada e que não queriam se responsabilizar por nenhum acidente na pista. Perguntei se caso assinasse um termo de responsabilidade dizendo que se caso acontecesse algum acidente a culpa era minha, tirando deles a responsabilidade. Após muita insistência da minha parte eles deixaram mas com uma condição, eu teria que pagar o equivalente de 20 voltas mas andaria apenas 10. Achei um absurdo aquilo mas concordei pois tinha um plano formado, se caso eu não o executasse ninguém iria correr aquela noite pois a pista estava muito molhada. Me preparei e comecei a pilotar na pista molhada, comecei a correr e logo o meu kart deslizou loucamente e não queria mais parar até encontrar os pneus. O pessoal já estava vindo em minha direção para ver se tinha acontecido alguma coisa de pior quando levantei a mão e gritei para eles que estava tudo bem que só precisava de alguém para me tirar do meio dos pneus. Quando eles chegaram sentiram um calor estranho. Me colocaram de volta na pista e comecei a correr. Coloquei o meu plano em ação, comecei a esquentar a pista por onde eu passava fazendo com que evaporasse a camada de água que estava sobre a pista. Após a oitava volta uma boa parte da pista já estava em condições de correr mas não totalmente seca, não podia fazer isso se não ficaria muito na cara que tinha feito algo sobrenatural. Parei o kart na décima volta e tomei o meu lugar na espera por outra corrida agora com os meus amigos. Quando estava subindo as escadas uma pessoa me parou e me perguntou como a pista estava parcialmente seca se a previsão era para que ninguém corresse aquela noite. Expliquei para ele que era devido a tração do kart. No rolar da roda do kart ela levanta a água, o vento bate e leva as goticulas de água para outro lugar, por essa razão onde o kart passa mais vezes o local fica mais seco. Ele entendeu e foi embora, fiquei aliviado por ele não perguntar mais nada sobre aquilo. Nos divertimos muito aquela noite, apesar do buraco feito pela bala no braço.

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